Quando vi a reportagem do fantástico no domingo último sobre a jovem que quase foi agredida por conta do vestido em uma universidade de SP (no jornal o globo: http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/11/02/video-na-internet-mostra-agressao-outra-aluna-da-uniban-onde-jovem-foi-hostilizada-por-usar-vestido-curto-914569170.asp), primeiro pensei: ué, será que estamos nos anos 20 ou na pré-história e ninguém me contou? Ou dormi e fui parar no meio do Afeganistão e agora vamos apedrejar mulheres por aí?
Não tive como não ficar indignada diante não só da atitude boçal do grupo intelectualmente limitados (pra não chamar de idiotas mesmo), mas da displicência da própria reportagem que resumiu tudo com uma enquete: então, você acha que a menina poderia ou não usar o vestido na faculdade?
Hã? Como assim? E a atitude vândala daquelas pessoas xingando a garota e ameaçando-a sexualmente? Isto não é questionável?
O que me pareceu por trás da pergunta da enquete foi: então, você acha que a menina deveria ou não apanhar porque colocou o vestido curto?
E o melhor, na reportagem do fantástico, uma consultora de moda foi chamada pra falar sobre o assunto! Nada contra os consultores de moda, nem contra a moda, mas o caso ali não era este. O caso era de um julgamento preconceituoso que serviu de base para uma ação totalmente absurda e fora da lei, porque praticar a violência psicológica contra a mulher também é prevista em lei!
O pensamento que fica por trás de tudo é de que a “menina mereceu”, “quem mandou usar um vestido daqueles”. Este é o mesmo discurso que justifica mulheres apanharem de seus maridos, afinal, “vá saber o que ela fez pra merecer” e além do mais “briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.”
Esta história de que a culpa é da mulher é velha... e vem se arrastando pelo imaginário das pessoas desde que Eva comeu a maçã e tirou Adão da ótima e feliz vida que levavam no Paraíso. Passamos a ser as culpadas de tudo, incluindo bruxarias e amarrações!
O caso de SP não tem nada a ver com roupas inadequadas, tem a ver com falta de liberdade, com falta de respeito, com autoritarismo por parte de um grupo que se acha no direito de julgar e ameaçar os demais.
E é nessas horas que olho pra Jorge e penso: que mundo é esse, filho? E por isso acredito cada vez mais que importa mais o filho que vamos deixar para o mundo, do que o mundo que vamos deixar pra nossos filhos.
“Segurem suas cabras, que meus bodes estão soltos!”. Enquanto ensinarmos isto aos nossos filhos, mulheres continuarão sendo desrespeitadas. E nunca faltarão motivos pra isto, sejam de ordem religiosa, como nas bruxas queimadas há séculos atrás, ou na simples escolha de uma roupa.
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que bom vc ter usado o seu espaço pra falar tb disso! tb fiquei chocada com a forma que eles abordaram o assunto... pra variar, a Globo discretamente (ou nem tanto assim) deixando aparecer o que os seus editores pensam, né?!
ResponderExcluirdoideira demais!
ah! e bonito demais ver o seu comentário de que filho deixará para o mundo... realmente há que se inverter mesmo a lógica, e tb a prática, porque aposto que a galera que teve aquele comportamento deve ter um discurso de "mudar o mundo com pequenas atitudes" e blá blá blá.
um beijo
Achei um absurdo; que marda de alunos são aqueles? Penso, onde está a liberdade que as mulheres conquistaram. Será que teremos que retroceder no tempo, por causa de umas merdas dessas, não fodem ninguém, ainda atrasa o lado dos outros.
ResponderExcluirMulheres que queimaram sutiãs em praça pública. Vestiam minissaias. Tomavam pílulas anticonceptivas. E aí, elas começaram a liberar geral. As mulheres ficaram mais ousadas, e isso é bom de mais. Será que teremos de retroceder no tempo, por causa de uns merdas.
Que tipo de aluno estuda nessa porra de faculdade do interior, que eu não sei nem o nome. São uns idiotas completos, preconceituosos, puritanos, e o pior e mais detestável, pudicos.
A mina era maior gostosa! Tudo bem, não se pode dizer; que ela estava fashion pra caralho com aquele vestidinho. Podemos dizer que ela tem um estilo, pelo menos, sexy de ser. E pelo estilo, eu diria que ela abalou o calçadão.
Beijos do tio Lathea.
Oi amiga, já te disse que sou sua fã?
ResponderExcluirAchei ótimo o seu texto. Essa história não passou ainda pela garganta e penso até que tenha algo mal contado. Não é possível que nunca nenhuma menina daquela universidade tenha usado uma minisaia, me parece perseguição com a menina mesmo, do tipo ódio, inveja, essas coisas... Mas o vídeo da situação toda mostra como o ser humano ainda é um pouco 'gado': Bastou um idiota gritar "puta! vagabunda!" pra o resto das 'ovelhas' irem atrás e se juntarem ao coro. As pessoas nem sabiam pq estavam xingando, mas a força das multidões não tem limite.
Amiga, te amo!
Sempre que posso dou uma olhadela aqui.
Bjs