terça-feira, 6 de julho de 2010

.: Abrindo mão dos conceitos ou como entrar para a Matrix :.

Sabem a Matrix, do filme de mesmo nome, onde há uma realidade virtual que simula o cotidiano dos seres humanos, enquanto estes estão adormecidos e controlados por máquinas? Eu e Jorge acabamos de entrar nela.
Até aqui vivemos o sonho de mãe e filho à moda antiga, com muito tempo um para o outro, indo pra casa dos avós, brincando na pracinha no fim da tarde, sem alimentos artificiais, sem conservantes, sem remédios, sem realidades que simulam realidades - um pó que vira leite ou um leite que é farinha, ou um bico de mamadeira que parece peito, isto que é aquilo, etc - estávamos fora da Matrix. E nesse lugar nosso não haviam alergias, nem rinites, nem bronquites, nem todos os outros ites. Não haviam hipoglós, assaduras, farinha lácteas ou mucilons. Não haviam tosses, nem febres, nem catarros ou médicos ameassadores - cuidado, pneumonia!!!
Mas a modernidade é cruel, já dizia Baudelaire. E como o capitalismo selvagem é bem democrático e não deixa ninguém de fora, tivemos de abandonar nosso Oásis e adentrar pelo mundo da Matrix, onde as mães e pais trabalham sem cessar, os filhos vão pra creche, para serem alimentados e cuidados por outros, estranhos que se tornam tão intimos que sabem mais da rotina de seu bebê do que você.
Sim, há o outro lado da moeda, na Matrix adquirimos super poderes, somos capazes de uma infinidade de coisas, aprende-se rápido a socializar-se, talvez justamente para sobreviver nesta realidade inventada. Como bons seres humanos nos adaptamos e fazemos do anormal o cotidiano, do artificial o natural, do virtual o real.
Hoje quando peguei o frasco de antibiótico (sim, antibiótico para curar uma catarreira que não cessa) me questionei pela milésima vez qual era o caminho que queria pra educação do meu filho. Será mesmo que estou fazendo o que creio? Será mesmo que não há outra saída? Será mesmo que há regra e que todos estamos fadados a ter alergias respiratórias ou algo do tipo, afinal, todo mundo tem...?
Coloquei a seringa em sua boca tão pequena enquanto você dormia e com todo cuidado empurrei o liquido pra dentro, na descrença de quem acredita que sempre há outro caminho. Você se remexeu e nem acordou. Voltou a dormir calmo e tranquilo. Eu somente agradeci à Natureza pelo presente, por estar ali, velando seu sono, acreditando que sim, sempre haverá outro caminho, que sempre poderemos entrar e sair da Matrix a hora que bem entendemos...

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